O Papa Francisco enfrenta novo questionamento sobre os casos de abuso sexual na Bélgica. Após uma série de denúncias de violência por parte da Igreja Católica no país, surgem novas perguntas sobre a postura do Vaticano em relação ao assunto.
A polêmica teve início com uma reportagem do jornal De Standaard, que revelou um relatório confidencial do Conselho Superior da Justiça belga. O documento aponta que a cúpula da Igreja teria tentado encobrir casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero.
Segundo o jornal, o relatório descreve a existência de uma “cultura de silêncio” e de “intimidação” dentro da hierarquia católica belga. Além disso, o documento também afirma que o Vaticano não teria tomado medidas suficientes para punir os responsáveis.
As acusações, que vêm à tona poucos dias após o Papa ter pedido perdão pelas violências cometidas por padres na Irlanda, geraram indignação no país. Grupos de vítimas alegam que a medida adotada pela Igreja é insuficiente diante da gravidade dos crimes.
Em meio à crescente pressão por explicações, o Papa Francisco deve se pronunciar sobre o caso nas próximas semanas. Até o momento, o Vaticano não comentou a reportagem e nem apresentou uma posição oficial sobre as denúncias.
A polêmica
Os escândalos de abuso sexual na Igreja Católica belga começaram a ser revelados no início deste ano, após uma série de denúncias que surgiram em diferentes dioceses do país. Um comitê de investigação foi criado pelo Vaticano para apurar os casos.
O relatório divulgado pelo jornal De Standaard foi elaborado pelo Conselho Superior da Justiça da Bélgica, após um ano de investigação. De acordo com o documento, a hierarquia católica belga teria encoberto casos de abusos sexuais cometidos por padres e religiosos por mais de 20 anos.
O relatório critica a atuação da Igreja, afirmando que ela tem adotado uma postura “agressivo-defensiva” diante das acusações. Além disso, o documento aponta que memórias de vítimas de abusos estariam sendo apagadas por membros da Igreja.
A divulgação do relatório gerou protestos e escândalo no país. A polícia já anunciou que irá interrogar os membros da hierarquia da Igreja católica citados no documento.
Ameaças de processo
Um dos cardeais citados no relatório, o arcebispo André-Joseph Léonard, anunciou que irá processar o autor do documento por calúnia. O arcebispo também negou as acusações e afirmou que a Igreja não estaria agindo de forma irresponsável.
No Vaticano, o Secretário de Estado da Santa Sé, dom Tarciso Bertone, declarou que as alegações de encobrimento por parte da Igreja são “preconceituosas e doutrinariamente duvidosas”.
Por outro lado, grupos que representam as vítimas de abuso sexual por parte do clero na Bélgica acusam a Igreja de não estar colaborando com as investigações. Segundo eles, documentos importantes estariam sendo mantidos em segredo.
Futuro incerto
Após a divulgação do relatório, surgiram divergências sobre a sua validade e ameaças de processo por parte da hierarquia católica belga. O futuro da investigação sobre os casos de abuso sexual na Igreja na Bélgica ainda é incerto, mas a pressão sobre o Vaticano evidencia a gravidade das denúncias.
Fonte: G1