Aumenta em 20 anos o número de mulheres que andam de moto, mas os desafios antigos continuam
Desde as primeiras décadas do século XX, as mulheres vêm conquistando cada vez mais independência e espaço em diferentes áreas da sociedade. Com o aumento na busca pela liberdade e autonomia, muitas delas encontraram nas motos uma forma de se deslocar e se expressar.
De acordo com dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), houve um crescimento de 20 anos na participação feminina no mundo do motociclismo. Em 2020, cerca de 13% das motos registradas no país eram de propriedade de mulheres, um número significativo se comparado com os 0,5% de duas décadas atrás.
Apesar dessa evolução, as mulheres motociclistas ainda precisam lidar diariamente com desafios e preconceitos que as acompanham desde os primórdios, como a ideia de que dirigir uma moto é exclusividade masculina e que elas não possuem habilidade suficiente para isso.
Giuliana, 32 anos, compartilhou seu depoimento sobre sua paixão pelas duas rodas e as dificuldades que enfrenta: “Desde pequena, sempre me senti atraída pelas motos e quando completei 18 anos, decidi tirar minha carta de habilitação. Porém, ainda hoje, ao estacionar em algum lugar, percebo o olhar de surpresa das pessoas ao verem que sou eu quem está no controle. É um preconceito velado, mas que ainda existe.”
Assim como Giuliana, muitas outras mulheres também relatam experiências semelhantes. Para Daniela, 26 anos, enfrentar as ruas da cidade com sua moto é um grande desafio: “Além da falta de respeito e educação dos motoristas, também preciso lidar com o assédio constante. Muitas vezes, sinto medo de encarar o trânsito sozinha e evito sair de casa com minha moto por causa disso.”
Para mudar essa realidade, algumas iniciativas buscam dar visibilidade e incentivar as mulheres no mundo das motos. Um exemplo é o movimento “Elas Pilotam”, que promove encontros e eventos exclusivamente para mulheres, fortalecendo e empoderando cada vez mais essa parcela da sociedade.
É preciso reconhecer o crescente número de mulheres no comando das motos, mas também é importante continuar debatendo e combatendo os obstáculos e estereótipos que ainda permeiam esse universo. Afinal, ser mulher e pilotar uma moto não é só um meio de locomoção, é uma forma de expressão e liberdade.
Fonte: G1